Galafura

Este blog não consiste só em falar da Freguesia de Galafura, mas não podia deixar de referênciar a freguesia que amo muito e de onde sou natural. O nome do blog " Galafura" é por isso mesmo, pela naturalidade, pelos amigos, pelos sentimentos que me vão na alma, editarei aqui os meus pensamentos e sentimentos que nutro pela minha terra, pela minha família, pelos meus amigos, e pelo meu estado de espírito do meu dia-a-dia

terça-feira, maio 26, 2009

Icones

Os ícones participam na beleza da oração. Eles são como janelas que se abrem às realidades do Reino de Deus e as tornam presentes na nossa oração sobre a terra. Eles são um apelo à nossa própria transfiguração. Apesar de o ícone ser uma imagem, não é uma ilustração pura nem decoração. É sinal da encarnação, é presença que oferece aos olhos a mensagem espiritual que a Palavra dirige aos ouvidos. O fundamento dos ícones é, segundo São João Damasceno (século VIII), a vinda de Cristo à terra. A salvação está ligada à encarnação do Verbo divino, por consequência, à matéria: «Deus, que não tem corpo nem figura, não podia outrora, de maneira nenhuma, ser representado por qualquer imagem. Mas agora, que Deus permitiu ser visto em carne e viver no meio dos homens, eu posso fazer uma imagem daquilo que vi de Deus. Eu não adoro a matéria, mas sim o criador da matéria, que se tornou matéria por minha causa, que quis habitar a matéria e que, através da matéria, me deu a salvação.» Pela fé que transmite, pela sua beleza e profundidade, o ícone pode abrir um espaço de paz, reavivar uma espera. Ele convida a acolher o mistério da salvação na nossa humanidade e em toda a criação.
A Virgem De Vladimir

Maria, recebeu este título do povo russo, pela sua devoção a um ícone de Nossa Senhora, de origem grega, pintado por um artista anónimo do século XII. Em 1160 foi levado para a catedral da Assunção de Vladimir. Permaneceu, por muito tempo, na cidade de Vladimir; por este motivo leva o nome de 'A Virgem de Vladimir', ou 'A Virgem da Ternura de Vladimir’. A tradição atribui a S. Lucas o ícone da Virgem de Vladimir. A contemplação deste ícone conduz-nos a uma experiência espiritual profunda. Leva-nos a seguir um movimento que parte dos olhos da Virgem em direcção às suas mãos. Passa das mãos de Maria para a criança e da criança novamente para os olhos de Maria.
Os olhos da Virgem
Os seus olhos olham para dentro e para fora ao mesmo tempo. Olham para dentro, para o coração de Deus e para fora, para o coração do mundo, revelando, assim, a unidade entre o Criador e a criação. Os seus olhos contemplam os espaços infinitos do coração, onde a alegria e a tristeza não são mais emoções contrastantes, mas transcendidas na unidade espiritual. O olhar de Maria é acentuado pelas estrelas que brilham na sua testa e nos seus ombros. As estrelas falam da presença divina que habita em Maria. Maria está completamente aberta ao Espírito, que a torna mais interiorizada e completamente atenta ao poder criador de Deus. Contemplando a Virgem de Vladimir, constatamos que ela nos olha com os mesmos olhos com que olha para Jesus.
As mãos da Virgem
É impossível rezar durante muito tempo contemplando o ícone sem nos sentirmos atraídos pelas suas mãos. Uma das mãos sustenta a criança, enquanto a outra permanece livre, num gesto aberto de convite. Maria é a mãe de Jesus. Todo o seu ser é Jesus. A sua mão não ensina, não explica nem pede. Simplesmente oferece o seu filho como o Salvador do mundo a todos os que estão abertos a ver Jesus com os olhos da fé.
A mão de Maria ocupa o coração do ícone. É indescritivelmente bela. A centralidade da mão resume o ícone inteiro. Enquanto a nossa atenção vai dos olhos para as mãos de Maria, lentamente, percebemos a sua profunda paciência. Ela é a mãe paciente que espera a hora do nosso «sim». A sua mão está sempre ali, no âmago do mistério da Encarnação, convidando-nos a ir a Jesus.
O filho da Virgem
Ao olhar longamente o ícone percebe-se o significado de tudo o que o rodeia. É fácil notar que o filho não é um bebé. É um sábio vestido com roupas de adulto. O rosto iluminado e a túnica dourada indicam que o sábio é verdadeiramente o Verbo de Deus, cheio de majestade e esplendor. É o verbo feito carne, Senhor de todos os tempos, fonte de toda a sabedoria, princípio e fim da criação. Tudo fica claro dentro e ao redor do filho. No filho não há escuridão.Contemplando o rosto da criança percebemos uma luz esplêndida no lado direito do ícone, tocando delicadamente o nariz da Virgem e iluminando o rosto do filho. Mas a luz vem também de dentro. É um brilho interior que se projecta para fora e aprofunda a intimidade entre mãe e filho, revelada no abraço carregado de ternura. A criança dá-se completamente à Virgem. O braço envolve afectuosamente mãe e filho. Os olhos da criança estão fixos nos olhos dela. A atenção é plena. A Sua boca está próxima à da mãe, oferecendo-lhe o sopro divino. Jesus oferece a sua sabedoria divina à Mãe da humanidade.Os olhos da Virgem chamam a nossa atenção para as suas mãos; as suas mãos chamam a atenção para a criança; e a criança reconduz-nos a ela, que fala ao Filho em nome de toda a humanidade.
( Momento Yadah: Oração Mariana, Maio 2009)